(Nota Política da UJC)
2014 é o ano das lutas da juventude e dos trabalhadores
2014 promete ser um ano de intensas mobilizações da juventude e dos
trabalhadores no Brasil. Grandes empreendimentos como a Copa do Mundo e
as Olimpíadas (em 2016) fazem explodir uma série de descontentamentos na
sociedade brasileira de diversos tipos. Mal o ano começou e já participamos de diversas manifestações
contra o aumento das tarifas dos transportes coletivos pelo Brasil,
estivemos denunciando e presentes nas diversas lutas contra as remoções
de trabalhadores das suas casas, apoiamos os atos contra os impactos da
Copa puxados pelos Comitês Populares em diversos estados, repudiamos a
contínua e crescente violência e criminalização da juventude popular,
passando pelos “rolezinhos” até as diversas execuções policiais e de
grupos paramilitares que vem ocorrendo nas periferias.
Sem dúvida, trata-se do início de um novo ciclo da luta de classes no
país, o que aumenta a responsabilidade da juventude comunista em se
inserir, aprender e organizar cada vez mais as lutas populares, como
também construir uma real alternativa de poder que faça frente ao poder
dos monopólios e da burguesia. A resposta dos governos e da burguesia a
estes descontentamentos têm um direcionamento político claro:
desmobilizar e desorganizar qualquer alternativa de organização autônoma
da juventude e das classes populares. Para alcançar estes objetivos as
forças comprometidas com a conservação do capitalismo atacam em diversas
frentes, que vão desde a ofensiva ideológica através dos meios de
comunicação, até a mobilização do exército para reprimir, se infiltrar e
desarticular manifestações contrárias aos megaempreendimentos do
capitalismo brasileiro – repressão esta que já se normatizou
juridicamente pelo Governo Dilma através da Portaria Normativa n° 3461.
Nesta conjuntura, dois caminhos se apresentam!
No campo dos trabalhadores e da juventude popular, vemos as
manifestações de alguns dilemas de organização para estabelecer uma
mínima unidade frente aos ataques do grande capital. De um lado,
acompanhamos a incursão de setores governistas do chamado campo
democrático-popular, que estão cada vez mais comprometidos e atrelados
às meras disputas dentro da atual ordem vigente. Para esses setores, a
solução para o atendimento das demandas dos trabalhadores estaria na
retomada do crescimento do capitalismo brasileiro com reformas
estruturais incorporando os anseios do povo trabalhador; o palco
principal desta disputa seria o espaço institucional, instrumentalizando
o movimento de massas a esta prioridade.
Por mais que achemos que ainda há espaço para o crescimento do
capitalismo brasileiro, este crescimento necessariamente entra em choque
com as demandas históricas dos trabalhadores. O crescimento do
agronegócio suprime a agricultura familiar e aumenta a exploração dos
trabalhadores rurais. A expansão da especulação imobiliária se colide
com o problema de moradia para milhares de pessoas nas grandes cidades. A
falta de prioridade dos governos na saúde, educação e transporte
público se relaciona com o incentivo à privatização destes serviços
essenciais à população. Por mais que devamos ocupar todos os espaços
possíveis nas lutas, os espaços institucionais não são os prioritários
para se construir efetivamente um poder alternativo ao poder da
burguesia na atualidade. Por isso acreditamos que este campo
democrático-popular desarma esta alternativa, não contribui para
qualquer ruptura e autonomia para a juventude e os trabalhadores.
Há também o crescimento de grupos autoproclamados “horizontais”,
“mais democráticos” e “autonomistas” no vácuo do atual vazio político
organizativo, dos quais muitos deles dialogam fortemente com elementos
culturais do neoliberalismo, como o individualismo, posturas contrárias
às tradicionais formas de organização dos trabalhadores e quando apontam
alguma solução política caem no reformismo e no institucionalismo. Não
podemos confundir estes setores com grupos anarquistas e
anticapitalistas; com estes, apesar das diferenças históricas, temos
mais afinidade no que tange ao compromisso de classe e a luta contra o
capitalismo.
Mas qual seria o papel da juventude comunista e seus aliados neste
momento? Além de nos inserirmos cada vez mais nas lutas da nossa classe e
aprendermos cotidianamente com as mesmas, nossa tarefa é construir
o poder popular a partir das demandas, experiências, lutas e
aprendizados da juventude popular e dos trabalhadores. Neste novo ciclo de lutas, nosso papel é este: ser um instrumento para viabilização do poder popular nos diversos espaços.
Apenas o poder popular poderá colocar a classe trabalhadora na
contraofensiva política. E é este objetivo de derrubada do capitalismo
através do poder autônomo dos trabalhadores que norteia a UJC e sua
política.
Por exemplo, temos acompanhado uma polêmica sobre a palavra de ordem
“Não vai ter Copa”. Algumas forças políticas, vinculadas ao governo ou
não, tem acusado esta bandeira de ser uma apropriação da direita para
desestabilizar o governo Dilma. A linha editorial dos monopólios de
mídia pseudocríticas aos gastos da Copa tem tentado se apropriar dos
protestos para influir ainda mais na política brasileira. Contudo, este
não é um grito da direita. A direita influi e está no poder: a Copa é um
grande empreendimento que unificou ainda mais a burguesia brasileira.
Nosso papel é aprender com estas experiências das massas e politizar
estas e outras questões: não seremos nós que iremos decidir sobre o
grito dos protestos. Mas é papel dos comunistas potencializar a
ampliação, diálogo e politização das lutas em curso. Em suma, nossa
tarefa é contrapor toda a propaganda do empresariado e dos governos de
que esta Copa pertence aos trabalhadores.
Neste sentido, dizemos em alto e bom som que a saída está na unidade
de construção pelo poder popular, pela rearticulação dos trabalhadores e
os seus projetos históricos. A UJC não titubeia e sabe de qual lado
estar neste momento. Além das mobilizações, reforçaremos nossa
organização e o nosso estudo para estarmos à altura dos desafios no
porvir. A construção do Poder Popular norteia as nossas ações em nossas
frentes, seja na construção em unidade com a base dos movimentos
combativos do ENMUP, seja na luta contra a precarização e pelo direito
ao trabalho na juventude, seja na luta pela democratização do acesso e
produção cultural.
E é neste momento de ofensiva do capitalismo internacionalmente que
urge fortalecermos os nossos vínculos com organizações de juventudes
revolucionárias e comunistas que lutam pelo poder popular contra os
monopólios e a burguesia em seus países. Sobre o nosso continente é
muito importante construir uma ampla solidariedade ao povo colombiano,
denunciar os mais de 9500 presos políticos pelo terrorismo de Estado e a
vergonhosa exportação de armas e aviões brasileiros para o governo
colombiano. Devemos nos atentar ainda mais para a atual situação de
desumanidade do povo haitiano e o papel vergonhoso do governo brasileiro
em liderar a ocupação militar naquele país. Por isso, é fundamental
fortalecermos, divulgarmos e ampliarmos o conhecimento de todos os
lutadores e lutadoras da juventude popular sobre a Federação Mundial das
Juventudes Democráticas, espaço importante de articulação das lutas
juvenis anti-imperialistas.
Convidamos os jovens que se rebelam contra o atual estado da
sociedade, e que procuram soluções reais e radicais para isto, a
construírem este instrumento: a União da Juventude Comunista! Um
instrumento vivo, dinâmico e que busca se construir para estar à altura
dos anseios rebeldes da juventude brasileira!
Janeiro de 2014
Coordenação Nacional da UJC
Fonte: Sítio oficial da UJC
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