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          Nós, comunistas, lutamos pela transformação radical da sociedade atual, visando a substituição do sistema capitalista pelo socialismo, na perspectiva da construção da sociedade comunista. Somente a intensa luta política e ideológica envolvendo a participação ativa das massas trabalhadoras será capaz de promover os embates sociais e a ampla mobilização em
torno do projeto socialista e de uma nova visão de mundo que destrua a lógica capitalista e desumana que hoje nos domina. O objetivo maior dos comunistas é, pois, contribuir para a constituição da classe trabalhadora em classe revolucionária, buscando a derrubada do domínio da burguesia e a conquista do poder político pelo proletariado.


         Como disse Marx, no Manifesto do Partido Comunista, as proposições teóricas dos comunistas não se baseiam em ideias ou princípios inventados ou descobertos pela mente genial de um ou outro reformador do mundo. São, na verdade, expressões gerais das relações efetivas de uma luta de classes que existe, de um movimento histórico que se processa diante de nós. Os autores revolucionários, como o próprio Marx, Engels, Lênin e outros grandes militantes das lutas anticapitalistas nos séculos XIX e XX, deram forma a uma nova concepção de mundo, concebida através da análise crítica e consciente da realidade existente e da intervenção ativa na história, construindo assim o instrumental teórico necessário ao enfrentamento e à luta contrária à concepção de mundo dominante, imposta pelos grupos burgueses dominantes.

        Também segundo Marx, a teoria somente se transforma em poder material quando é apoderada pelas massas, isto é, uma ideia só se realiza plenamente se é abraçada pelo movimento social concreto e se configura em ação prática transformadora. Neste processo está em jogo a formação de um “bloco histórico” no qual as forças materiais envolvidas no processo de lutas econômicas, políticas e sociais (o “conteúdo” do movimento social) e as ideologias (a “forma” que se expressa através das concepções teóricas e do pensamento) se interagem, já que as forças materiais não seriam historicamente concebíveis sem forma, assim como as ideologias seriam meras fantasias individuais sem as forças materiais.

       É através da experiência da vida política, da organização da classe trabalhadora em seus organismos de representação, da agitação e propaganda política, das variadas disputas que se travam contra os pilares do sistema capitalista é que se adquire o conhecimento das relações recíprocas entre todas as classes em uma sociedade. O partido é o portador privilegiado desta experiência especificamente política. A sua mediação estabelece a mediação entre a estratégia e a tática, num tempo cujo ritmo é o da própria luta de classes.



         O papel básico do partido comunista é contribuir para a elevação da consciência de classe dos trabalhadores, agindo na organização das lutas e na propaganda socialista em contraponto ao modelo de sociedade capitalista. A disputa ideológica que o Partido Comunista promove visa, entre outros, superar os marcos dos interesses puramente imediatos, economicistas, corporativos, para o nível da visão global da realidade, forjando, desta feita, a visão de mundo transformadora, capaz de hegemonizar um projeto político de construção da sociedade socialista.

        O partido, portanto, é a organização de classe capaz de promover a passagem do momento economicista e corporativo dos grupos sociais para o da consciência revolucionária. Lênin já dizia que a consciência socialista não brota espontaneamente das lutas populares e nem da indignação particular de uma parte do proletariado. Por isso destacava a importância do partido revolucionário e dos militantes comunistas para dirigir e orientar as massas revoltadas com as desigualdades e injustiças provocadas pelo sistema capitalista em uma mobilização consciente em prol do socialismo, como única alternativa capaz de solucionar os problemas vividos pela classe trabalhadora.

      O trabalho do partido revolucionário somente será efetivo se, neste processo de construção da nova hegemonia, não se abandonar o contato com as massas, pois é deste contato que os militantes partidários podem extrair a fonte dos problemas a serem estudados e resolvidos, impedindo que o partido descole-se da vida prática e caia em um intelectualismo estéril e de gabinete. Trata-se de inovar e tornar crítica uma atividade já existente, produzindo-se uma nova concepção de mundo que, por estar ligada à vida do povo, tem maiores possibilidades de difusão, tornando-se uma visão de mundo renovada por uma filosofia que busca não a manutenção dos trabalhadores em uma condição submissa, mas, muito pelo contrário, criar condições para o desenvolvimento de um projeto revolucionário a ser abraçado e praticado pela ampla maioria dos trabalhadores e não apenas por pequenos grupos.

      Para a construção desta concepção de mundo crítica, coerente e unitária, assume papel decisivo a ação dos militantes comunistas, na condição de “intelectuais orgânicos”, segundo a terminologia usada por Gramsci, para designar os organizadores da vontade coletiva, construtores da nova hegemonia, comprometidos em elaborar e difundir a visão de mundo a ser abraçada como verdade pelo proletariado. O intelectual orgânico é mais que um especialista de algum saber, é um dirigente político que reúne, acima de tudo, a capacidade de unificar o grupo social a que pertence em torno da visão de mundo revolucionária, visando garantir a ação coletiva coerente no sentido da transformação da realidade conforme o projeto de poder. Os intelectuais de novo tipo funcionam, pois, como categoria orgânica do grupo social fundamental, da classe, como organizadores da hegemonia desta classe, sendo responsáveis pela unidade entre teoria e prática na produção do processo histórico real.


        Não se pode prever de antemão quando eclodirá em algum lugar a verdadeira revolução proletária e qual será o motivo principal que despertará e lançará à luta as grandes massas, hoje ainda presas na corrente da alienação. Mas não podemos ficar esperando este momento, como se a revolução, além de necessária, fosse inevitável. O partido deve estar sempre preparado, no presente, de olho no futuro. Os requisitos fundamentais para o êxito desta empreitada são uma linha política correta, uma direção unida, além de organizações de base e militantes capazes e enraizados nas massas.

        Os militantes comunistas organizam-se nos organismos de base, que são o centro de gravidade do partido, a sua razão de ser, as células de que seu organismo depende. São uma espécie de modelo reduzido do próprio partido possuindo – dentro de seu espaço de atuação – as diversas funções do todo partidário. Por isso, são também chamadas de “células”. Elas são o partido organizado em espaços comuns de atuação e luta (a fábrica, a empresa, o bairro, a escola, os movimentos sociais). As bases têm a finalidade de ligar o partido às massas, num sentido de mão dupla. De um lado, devem participar da vida das massas, procurando levá-las a conhecer, assimilar e pôr em prática a linha política do partido. De outro lado, devem recolher delas suas experiências, reivindicações e tendências, para capacitar o partido a elaborar propostas políticas justas para as necessidades do seu tempo.

             As organizações de base devem ser organismos dinâmicos e criativos. Toda base deve ter um plano de ação, com objetivos e prazos a serem atingidos e a definição de responsabilidades. Nelas, os militantes discutem a política do partido, analisam a realidade da área de sua atuação, elaboram os planos de ação, opinam sobre os documentos e resoluções partidárias, exercendo o direito à critica e à autocrítica. E é assim que funciona o princípio maior da organização comunista: o centralismo democrático. Nos processos congressuais e nas conferências para debater a linha política, a tática e a estratégia de ação do partido, os militantes discutem exaustivamente as propostas até chegarem a um consenso ou a uma posição majoritária. Construída esta posição, adotada coletivamente como resultado de um amplo processo democrático de participação nas decisões, o conjunto do partido deve se empenhar para pôr em prática aquilo que foi decidido, de forma unitária e coesa. Todas as decisões, mesmo relativas a questões cotidianas, são adotadas desta forma: coletivamente. Mas somente a prática política disciplinada e unitária é capaz de fazer do partido um grupo homogêneo, pronto para assumir as tarefas necessárias ao desenvolvimento dos grandes embates políticos e sociais e da luta maior em prol da revolução socialista.